sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ao poeta Torquato Neto

Eu sou os subterfúgios claro-evidentes e desfolhados, feito o poeta maldito que jaz-além-de-ser:
vai, bicho, desafinar o coro dos contentes, disse.
E eu? Parodio e me reduzo à essência de poetar, apaixonadamente.
Simetricamente amparada na idéia de desmedir.
Todo cuidado é pouco, quando vivo a iminência de escrever.
À toda prova.
Á toda hora.
Por isso lambuzo da fonte adormecida. Peço licença mas:
sou a evidencia cabal da platéia-geral ensandecida.
Sou feito pedaço de tudo, sou de ferro, misturo e experimento.
O resultado é um pós-poema, quase nada:
Feito de lira, ilusão e carnaval


A boca fala.
A boca cala.
A boca instaura.
Pronuncia - o quê?
Silencia - em quem?
Evidencia: quê?
Em que boca balbucia:
- em quê?


Fragmento de um discurso antipoético:
Amores vão
Amores vêm
Amores vãos

enlaçadaemimesma
conflituo o ócio

Na soberba
verbação
do vidro opaco
da vitrine
a embalagem
deflora
espocando pro nada
passos passam pelas ruas
querem sossego
cegos, poluídos de tanto ver
pernas correm, voam, apressam o passo
No desespero de sair dali
...
Silencio
Balbucio
Silencio
Balbucio:
Sorumbaticubummmmmmmmmmmmm

(meire viana)

casulo

No meu doce ácido da vida, acid(ez)entalmente,
vivo os fugaces labuntur anni
que teimam em me desassossegar
vivo tudo ao mesmo tempo(rariamente) agora
minha capacidade de aglomerar:
compartilho, enlaço, encadeio, aconchego,misturo.

Mas por mais que me farte e me sacie de multidão
a solidão - que se disfarça em não estar em mim, estando -
aparece deselegantemente enclaustrada
No meu involucrável e inviolável olhar de poeta.

(meire viana)